como você quer ser lembrado pela sua profissão?
Eu não sei você, mas eu não me sinto confortável com a associação que muitas pessoas fazem da nossa profissão com a personagem Roz de Monstros S.A. E antes que me julgue “sem senso de humor”, eu faço questão de explicar o porquê.
O renomado psiquiatra e pai da psicologia analítica, Carl Gustav Jung, desenvolveu um extenso trabalho sobre as representações que fazemos em nosso inconsciente dos estímulos externos recebidos constantemente por meio da nossa relação com o mundo.
Sem aprofundar nas teorias sobre o inconsciente coletivo, Jung afirma que signos e símbolos são carregados de informações arquetípicas universais e que, por conta disso, influenciam o nosso inconsciente no momento em que somos expostos a determinadas imagens.
Para exemplificar, basta observar o seguinte: o animal símbolo dos EUA é uma águia, o arquétipo mais forte de riqueza e poder. Outro exemplo é a associação que fazemos da coruja com a sabedoria e da borboleta com a transformação. Como podem ver, todas essas são interpretações intuitivas e praticamente unânimes que fazemos quando pensamos nesses animais.
Quando eu entrei no curso de Biblioteconomia em 2012, confesso que caí meio que de paraquedas, pois nunca havia pensado na vida em ser Bibliotecária. Contudo, já no primeiro período acabei me apaixonando, por perceber a importância da Biblioteconomia e sua imensa contribuição para o desenvolvimento da sociedade!
Só que também tive uma decepção muito grande: nós, profissionais da informação, em plena era da informação e do conhecimento, sofremos na pele com a desvalorização, a invisibilidade e até um certo nível de preconceito das pessoas.
E você pode estar se perguntando: “tudo bem… mas o que você quer dizer com tudo isso?” Na verdade, eu quero fazer você refletir sobre a mensagem que você quer passar sobre o que realmente é ser um Bibliotecário, pois saiba que disso depende o futuro da nossa profissão!
Na sociedade atual, a maneira como você se posiciona no ambiente digital comunica qual é o lugar que deseja ocupar no mundo! Não dá mais para fecharmos os olhos e ficarmos alheios às exigências impostas pelas novas tecnologias.
Por isso, a minha mensagem é simples: quando utilizamos a Roz como símbolo da nossa profissão, mesmo que por brincadeira ou ingenuidade, estamos reforçando no imaginário das pessoas que os Bibliotecários são de fato assim: profissionais mal humorados, rabugentos, antiquados, grosseiros, com extrema sensibilidade auditiva e que só sabem fazer “shiii”.
Peço desculpas aos mais sensíveis, mas eu não me sinto representada por essa personagem e não quero que as pessoas pensem em meus colegas dessa forma! A nossa profissão é tão “cool” que não me vejo nesse estereótipo e faço questão de não reforçar essa imagem no imaginário das pessoas!
Por isso, do fundo do meu coração, eu não quero que sejamos lembrados pela Roz. Eu, pelo menos, quero ser lembrada pelo Gato da Alice, pela Bela de “A Bela e a Fera” ou pelo Gandalf de “Senhor dos Anéis”… Ou penso que talvez não haja um personagem sequer que esteja a altura de tudo o que significa ser Bibliotecário!