Somos todos, por natureza, seres dependentes. E apesar do medo de viver novidades, promover mudanças e agir no contra senso de nossas heranças culturais queremos garantir a autonomia, independência, autossuficiência e liberdade. Ademais, vivemos em uma sociedade machista, e o que já seria humanamente complicado, para a mulher fica mais ainda.
Considerando todas as complicações externas, antes, faz-se necessário romper com os preconceitos internos. E a maneira mais fácil de fazer isso, digo por experiência própria, é agindo! Não importa se por necessidade (se precisa viajar sozinha, por exemplo, a trabalho) ou preferência, você precisa fazer isso pelo menos uma vez na vida!
As pessoas têm mania de classificarem-se em grupos, definirem-se o tempo inteiro, e isso limita a exposição do seu próprio ser. As mulheres podem fazer o que quiserem, da forma que quiserem. Se você é brasileira, pense nas vozes silenciadas das mulheres iranianas (e tantas outras) e represente-as. O poder de mudança sobre a crença de que mulher precisa se preservar por ser um sexo frágil está com você. Liberte-se, antes, da prisão psicológica que precede a física. Quer ir? Vá!
Quanto mais você se permite viver, mais você amplia sua visão de mundo. Pode chegar o momento em que você não terá ninguém como companhia e é melhor estar preparada. Portanto, escolha viver uma aventura nova a cada dia e evolua!
Viajar sozinha é exercitar sua responsabilidade por si mesma o tempo inteiro. Você está por conta própria e por suas decisões cairão consequências que devem ser administradas e não tem como culpar mais ninguém.
Apesar da inevitável associação com o fato de estar sozinha com a introspecção, colocar-se em uma situação completamente nova e em um ambiente igualmente diferente faz com que você dê mais atenção às coisas que ocorrem além de você mesma. Não tem jeito, você fica mais sensível.
O oposto ocorre quando em grupo, por exemplo, você pensa coletivo: pode se esforçar a andar mais rápido para acompanhar um amigo, pode aceitar comer 11 a.m. para acompanhar sua avó no almoço, pode concordar em abrir mão de visitar aquele museu que você queria conhecer para ir ao restaurante que seu namorado (a) escolheu. Se você está sozinha precisa descobrir todas as suas vontades legítimas.
Hoje eu não apenas sei o que quero, eu respeito isso. Mesmo na minha cidade, na minha casa, na comodidade do ambiente comum, não me sinto ansiosa para compartilhar meus momentos com alguém. Respeitar o que é seu, também é dar espaço para os outros e minhas relações sociais também são mais tranquilas hoje em dia.
A gente quer tanto ser livre, não é? Imagina, agora, você em um lugar que ninguém te conhece, sem ninguém sob sua responsabilidade além de você mesma, com um monte de coisas para descobrir e pessoas para conhecer?
Use o frio na barriga que o “incerto” traz a seu favor e pense em todas as possibilidades como formas de acontecimento flexíveis que se dobram de acordo com a sua vontade. A liberdade é desafiadora, mas você consegue vivê-la. Vai fundo!
Não só o Universo provoca casualidade, mas você também pode mudar de ideia. Que Genial, hein?! Imagina ter o poder de acordar com preguiça num dia chuvoso e escolher, sem pressão, sem culpa, voltar a dormir?
Quando você está sozinha em um lugar diferente aprende a olhar o mundo e observar as pessoas. Fora da sua rotina você realmente abre a sua mente. Acredite.
Em alguns momentos você pode se sentir sozinha, mas é só querer fazer amizade que a solidão vai embora. Em hostels e até em pousadas existem os chamados locais de convivência, que nada mais são que ambientes comunitários para acesso dos hóspedes. Se preferir, simplesmente caminhe por aí fazendo coisas que te apeteçam, pois as pessoas se conectam espontaneamente. É voluntário, da natureza humana. Deixe as coisas acontecerem, que acontecerão.
Use, também, a tecnologia a seu favor. Antes de viajar consulte os sites abaixo e comece a se relacionar antes de sair de casa:
* Converse bastante com as pessoas que conhecer e acredite em seu sexto sentido. Se “o santo não bater”, interrompa o contato. Já fiz amizades incríveis pela internet (que duram até hoje) e já dispensei companhias que não combinava comigo.
Não sei, responda você: sua cidade é 100% segura?
No mundo inteiro meninas e mulheres sofrem com machismo, assédio e violência. A educação que reforça estereótipos; a falta de planejamento urbano e policiamento adequado… O medo não pode e não deve, de maneira alguma, te travar e impedir que você saia de casa.
E se você enfrenta as adversidades em direção à escola/faculdade/trabalho ao sujeitar-se em um vagão de metrô em horário de rush todos os dias, porque, então, não enfrentá-las para o seu lazer? A mulher já é poderosa todos os dias. Não podemos permitir que a sociedade permaneça opressora como, historicamente, tem sido.
A verdade é que a diferença entre gêneros se apresenta com mais força em uns países que em outros. Sendo mulheres precisamos saber nos posicionar diante de alguma ação que cause incômodo, sem serem “noiadas” ao pensar que qualquer homem que se aproximar quer nos tocar. Ao trilhar o caminho pelo autoconhecimento você desenvolve um feeling sobre o que é perigo ou não, e como agir diante do sinal amarelo.
Em tal caso, aja! Não deixe a situação sair do seu limite. Seja soberana ao dizer “não”, “get out”, “no me moleste”. Seja humilde para pedir ajuda se precisar. E fascine-se ao notar que o mundo está cheio de pessoas boas 🙂
Mas se você se vê frágil, realmente, precisa aprender a se ver diferente. Você não é uma presa indefesa! Uma coisa muito legal que indico fortemente é que você faça Krav-Maga! Eu faço na Bukan, que é a escola mais tradicional de defesa pessoal israelense que preserva os ensinamentos do criador da arte (Imi Lichtenfeld).
O aplicativo Safetipin foi criado por duas indianas com a intenção de mapear o nível de segurança de lugares do mundo e baseia-se em pesquisas de fatores como iluminação, número de pessoas, visibilidade, espaço, segurança, transporte e nível de medo estatisticamente validadas.
Planejamento. Pesquise sobre o lugar em vários blogs diversos ou em foruns que concentrem muitas opiniões diferentes. Isso porque existem perfis diferentes de pessoas e o que é ruim para mim pode ser ótimo para você.
Uma amiga fez um intercâmbio para o Egito em sua primeira viagem internacional e ela foi sozinha! Agora está voltando para lá e tem um monte de vivências para compartilhar. Siga @larybolele
Diferença cultural. Os costumes locais devem ser considerados. Desde o tipo de vestimenta a ser usada até o tipo de comida que existe no destino, passando pelos hábitos atitudinais da população.
Experimente-se. Tente sair na sua cidade, para passeios locais, sem seus amigos. Depois prove viajar sem pessoas do seu convívio. Treine ficar sem Whatsapp por um tempo, talvez um dia inteiro, totalmente sozinha. Aos poucos você vai gostando da sua própria companhia e a ansiedade dá lugar à paz.
Empodere-se. É muito difícil mudar todo um costume histórico-social, mas o que nossas avós e mães passaram para que hoje tenhamos as garantias que temos, passaremos pela liberdade de nossas filhas e netas. O desenvolvimento da sociedade pode vir de nós mesmas, fugindo de atitudes e comentários machistas com nossas amigas.
A preferência em viajar sem companhia depende da pessoa, da hora, do ânimo e também da oportunidade. Acontece que, como você pode saber do que gosta se nunca experimentou?
Estime-se, acima de tudo. Se, depois que você viajar sozinha pela primeira vez, não gostar: tudo bem. Você fez e não curtiu. Não quer. Reconheça e descarte! Só não enfrente privações por não ter companhia, ok?
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